quinta-feira, 23 de maio de 2013

matemática é uma coisa mágica, cara


Foi numa aula de matemática, não lembro se na oitava série ou no primeiro o ano. O professor estava explicando brevemente o que eram números áureos – e me veio um post it da carteira da frente: “matemática é uma coisa mágica, cara *-*”. Não vem ao caso especificamente, mas o bilhete era da minha amiga Marina, que sentou na minha frente todos os anos de colégio.  Desde que eu me lembro, ela era apaixonada pelas ciências exatas – e tem muito talento pra elas, falando nisso. Talvez por ela ser minha melhor amiga a tanto tempo eu, nerd de humanas até o último fio de cabelo pintado de ruivo, consiga entender a fascinação dessa outra realidade. 




Esse post, na verdade, saiu de um texto que eu li: um perfil do matemático Artur Ávila, escrito por João Moreira Salles e publicado na revista Piauí em janeiro de 2010.  Em um trecho, Salles compara os objetos de estudo das ciências: à física cabe o mundo natural, à biologia, os organismos vivos. A matemática, ele diz, não possui um objeto tão palpável – imaginamos conhecê-lo pelas aulas da escola e não estamos totalmente errados, mas a diferenças entre a matemática da escola e a matemática dos centros de pesquisa, como os que Ávila faz parte, é a diferença entre a lagarta e a borboleta. Para nós, não-matemáticos, que só conhecemos a primeira, é impossível intuir a segunda. “O trabalho de Artur é pensar borboletas”, segundo Salles.  Mais pra frente, ele o define como um “especialista em caos”. 


Não é possível que eu seja a única leiga a ver beleza nessas imagens! Pode ser de momento – todo mundo sai de um filme sobre balé querendo comprar sapatilhas – mas eu quis muito entender matemática ao ler o texto. É uma vontade que vai e volta desde meus tempos de escola,  hora ódio eterno e desejo de fazer uma fogueira com todas as apostilas e livros e exercícios, hora um bilhete passado pra frente com “matemática é mágica, cara” (que virou a frase que eu e Nina usávamos sempre que a aula era particularmente genial).  Por falar nisso, queria muito entender física e química também –nunca consegui.


Outra coisa que eu percebi foi como a matemática não precisa necessariamente ser exata – seus objetos são flexíveis, com toques de incerteza e erros a serem controlados. O próprio Artur brinca que não gosta muito do sinal de igualdade, prefere aproximações. E daí você olha pra trás, pros 15 anos que você passou na escola, e vê que você não sabe nada de porra nenhuma, entende? Sei que chato e clichê, mas fica aqui registrado meu ódio eterno pelo sistema educacional do Brasil (vestibular é uma merda, beijos). Tive professores geniais e extraordinários que simplesmente não tinham espaço pra dividir isso com a gente – e, sinceramente, hoje eu me pergunto, se esse espaço existisse, quem garante que eu (ou nós, alunos no geral) conseguiríamos tirar proveito? De todo jeito, estou divagando. 


Salles fecha o texto com duas aspas de Artur. A primeira, de tempos atrás, sobre como ele havia encontrado um problema que precisava resolver para continuar sua pesquisa. A segunda? “Apareceu uma ideia essa semana. Acordei de madrugada e teve uma certa mágica”. É, amigo. Sabia que minha amiga viu essa mesma mágica? Numa aula de matemática, tempos atrás, não lembro se na oitava série ou no primeiro ano.










Nenhum comentário:

Postar um comentário